“Nunca há um documento da cultura que não seja, ao mesmo tempo, um documento da barbárie”. Walter Benjamin
Pensados de modo amplo, os esquemas de compreensão do mundo funcionam por meio da seleção de elementos do real que devem merecer atenção em relação a finalidades gerais. Esse processo de racionalização não se reduz a uma mera seleção intencional, mas está imbuído de estruturas que permitem lançar luz sobre determinados aspectos da realidade ofuscando outros.
Tais esquemas de racionalidade, portanto, não definem apenas aquilo que deve ser visto, à maneira de um filtro, mas também aquilo que não pode ser visto, à maneira de um manto mágico de transparência. É assim que grupos sociais inteiros ou incontáveis objetos da realidade são muito frequentemente substituídos por vagos emblemas, que excluem particularidades da realidade, especialmente ligadas a formas de dominação.
A exposição Campos de Invisibilidade não pretende apenas dar a ver aqueles elementos que estariam escondidos. Está em questão o próprio mecanismo que impede a possibilidade de ver, buscando inserir um pensamento reflexivo nos mecanismos de racionalidade – exercício crucial para lidar com a complexidade da sociedade contemporânea.
Os propósitos, explicitados nesse projeto por meio de trabalhos eminentemente processuais, oferecem uma espécie de desconstrução criativa que repercute um desígnio fundamental do Sesc: de que o trabalho com a cultura só adquire sentido quando permeado por um caráter profundamente inclusivo, atuando em prol da autonomia das pessoas e da construção de uma sociedade mais democrática.
Sesc São Paulo
REASON REVISITED
“There is no document of culture that is not
at the same time a document of barbarism”.
Walter Benjamin
Considered in broad terms, patterns of comprehending the world function by selecting elements of reality that should merit attention with regard to general purposes. This process of reasoning cannot be reduced to mere intentional selection, but it is imbued with structures that allow for light to be cast on certain aspects of reality while obscuring others.
Such schemes of reasoning, however, do not only define that which should be seen, like a filter, but also that which cannot be seen, like a magical cloak invisibility. This is how entire social groups or countless objects from reality are very often substituted by vague symbols that exclude the particularities of reality, especially connected to forms of domination.
The exhibition Fields of Invisibility does not intend merely to provide visibility to those elements that would have otherwise been hidden. What is in question here is the actual mechanism
Sesc São Paulo