07/11 - Quarta-feira - 18H30 às 22H
Este encontro reúne saberes diversos, que se articulam nesta encruzilhada de Campos de Invisibilidade. Keller Easterling investiga as tecnologias espaciais infraestruturais na paisagem política global no século XXI, e o “design de meios” como agenciador de potenciais e relações nos espaços cotidianos. Deborah Danowski problematiza os fenômenos de negacionismo diante de violências e catástrofes ecológica e humana. Tabita Rezaire nos reconecta com nosso corpo, a terra e o multiverso, como descolonização das tecnologias a partir de perspectivas africanas e indígenas. Diante da homogeneização violenta visível e invisível, essas três práticas e posicionamentos alargam o presente, celebrando a coexistência de temporalidades e mundos heterogêneos.
Design de Meios
Keller Easterling (USA)
Em um momento de onipresença digital, pode ser mais fácil tratar os dados das plataformas digitais como primários na inovação contemporânea e acreditar que, se for revestido de sensores em uma internet das coisas, o mundo rígido e burro se tornará repentinamente responsivo e “inteligente”. Mas os componentes pesados do espaço são sistemas de informação que realmente não precisam de dispositivos digitais para fazê-los dançar. Assim, uma vez que a arquitetura e o urbanismo estão fazendo mudanças radicais no mundo globalizado, o espaço pode ser um meio de inovação subexplorado. Como os teóricos da mídia que estão retornando à compreensão elementar da mídia como ambientes circundantes do ar, da água ou da terra, o design de meios usa um meio espacial para ensaiar esse hábito mental e estimular um pensamento inovador sobre problemas espaciais e não espaciais.
Negacionismos
Deborah Danowski
A misteriosa paralisia cognitiva, psíquica e política de nossa sociedade diante da perspectiva de catástrofe ecológica projetada pela comunidade científica atual em decorrência do aquecimento global pode ser iluminada pela comparação com os fenômenos do negacionismo do Holocausto perpetrado pela Alemanha nazista no século passado, e de nossa indiferença diante das práticas de criação, confinamento e extermínio em massa de animais nas fazendas-fábricas da agroindústria. A palestra busca justificar o uso desses termos, negacionismo e Holocausto, para os três acontecimentos históricos – apesar, ou justamente em virtude da, grande sensibilidade que eles despertam por diversos motivos.
Cura Decolonial: Tecnologia, Espiritualidade e o Erótico
Tabita Rezaire (FRA / GUY / ZAF)
Como podemos nos conectar holisticamente a nós mesmos, uns aos outros, à terra e ao multiverso? Para reativar a agência sobre nossos canais de informação e comunicação, Tabita Rezaire aprofunda o conhecimento científico africano, diaspórico e indígena, trazendo à luz possibilidades para as tecnologias espirituais. À medida que ansiamos pela cura supramoral, espiritual, política, histórica e tecnológica, ela recupera um espaço-tempo cibernético para alimentar uma consciência orgânica-tecnológica-espiritual. Da comunicação com os antepassados ao envolvimento da água, do útero e das “plantas guias” como portais para o download de conhecimento, esta é uma chamada para descolonizar nossas tecnologias.
Com Deborah Danowski, Keller Easterling (USA), Tabita Rezaire (FRA / GUY / ZAF) e a equipe curatorial da mostra Campos de Invisibilidade: Cláudio Bueno, Ligia Nobre e Ruy Cézar Campos.
BIOS
Keller Easterling é arquiteta, escritora e professora em Yale. Seu livro mais recente, Extrastatecraft: The Power of Infrastructure Space (Verso, 2014), examina infra-estrutura global como um meio político. Outro livro recente, Subtraction (Sternberg, 2014), considera a remoção de edifícios ou como colocar a máquina de desenvolvimento em reversão. Outros livros incluem: Enduring Innocence - Global Architecture and Its Political Masquerades (MIT, 2005) e Organization Space: Landscapes, Highways, and Houses in America (MIT, 1999). Sua pesquisa e escritos foram incluídas na Bienal de Veneza 2014 e serão incluídas na Bienal de 2018. Ela palestra e participa de exposições internacionalmente.
Déborah Danowski é professora do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUC-Rio e pesquisadora do CNPq. Estudiosa da metafísica moderna, nos últimos anos tem se dedicado a questões de ecologia política e ao pensamento da catástrofe ambiental global. Entre suas publicações nesse campo, encontram-se O hiperrealismo das mudanças climáticas e as várias faces do negacionismo (2012), καταστρο¿¿: o fim e o começo (2012), Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins (2014, com Eduardo Viveiros de Castro) e Um mundo vivo (sobre a Encíclica Laudato Si’) (no prelo, 2018).
Tabita Rezaire é uma artista-contadora de histórias que trabalha com telas e fluxos de energia. Sua prática trans-dimensional prevê as ciências da rede – orgânicas, eletrônicas e espirituais – como tecnologias curativas para servir à mudança para a consciência do coração. Navegando em arquiteturas de poder, ela mergulha em imaginários científicos para lidar com a matriz pervasiva da colonialidade e os protocolos de desalinhamento energético que afetam as canções de nossos corpos-mentes-espíritos. Tabita vive em Cayenne, na Guiana Francesa.
Local: Sala de espetáculos 2.
Encounter
11.07.2018 6:30PM—10PM
Local Sala de Espetáculos 2 Sesc Belenzinho, São Paulo
This encounter brings together a wide range of knowledges, which are articulated at this crossroads of “Fields of Invisibility”. Keller Easterling investigates infrastructural spatial technologies in the global political landscape in the 21st century, and “medium design” as an agent of potentials and relationships in everyday spaces. Déborah Danowski problematizes the phenomena of denialism in the face of violence and ecological and human catastrophes. Tabita Rezaire reconnects us with our body, the earth and the multiverse, as a decolonization of technologies, from African and indigenous perspectives. Faced with visible and invisible violent homogenization, these three practices and positions expand the present, celebrating the coexistence of heterogeneous worlds and temporalities.
Introduction Fields of Invisibility
Claudio Bueno, Ligia Nobre and Ruy Cézar Campos
Talks followed by conversation
tMediator Ligia Nobre
DÉBORAH DANOWSKI
Brazil, 1958
DENIALISMS
The mysterious cognitive, mental and politic paralysis of our society in the face of the perspective of ecological disaster forecasted by the current scientific community as a consequence of global warming can be illuminated by comparison with the Holocaust denial phenomenon perpetrated by Nazi Germany in the last century, and our indifference to the practices of mass rearing, confinement and mass extermination of animals in agribusiness factoryfarms.
The talk will seek to justify the use of these terms, denialism and Holocaust, for these three historical events— despite, or precisely because of, the reatsensitivity they
arouse for various reasons.
Déborah Danowski is a professor at the Graduate Program in Philosophy at PUC—Rio and a researcher at CNPq. A scholar of modern metaphysics, in recent years she has devoted herself to issues of political ecology and of the global environmental catastrophe. Among her publications in this field are O hiperrealismo das mudanças climáticas e as várias faces do negacionismo [The hyperrealism of climate change and the various faces of denialism] (2012); καταστροφή: the end and the beginning (2012); The Ends of the World (2014, with Eduardo Viveiros de Castro); and Um mundo vivo (about the Encyclical Laudato Si ‘)” (in press, 2018).
KELLER EASTERLING
United States of America, 1959
MEDIUM DESIGN
At a moment of digital ubiquity, it may be easier to treat the data from digital platforms as primary in contemporary innovation and to believe that, if coated with sensors in an internet of things, the stiff, dumb world will suddenly become responsive and “smart.” But the heavy lumpy components of space are themselves information systems that don’t really need digital devices to make them dance. So, since architecture and urbanism are making radical changes to the globalizing world, space may be an underexploited medium of innovation. Like those media theorists who are returning to elemental understandings of media as surrounding environments of air, water, or earth, medium design uses a spatial medium to rehearse this
habit of mind and prompt innovative thought about both spatial and non-spatial problems.
Keller Easterling is an architect, writer and professor at Yale. Her most recent book, Extrastatecraft: The Power of Infrastructure Space (Verso, 2014), examines global
infrastructure as a political environment. Another recent book, Subtraction (Sternberg, 2014), considers building removal or how to put the development machine into reverse. Other books include: Enduring Innocence: Global Architecture and its Political Masquerades (MIT, 2005) and Organization Space: Landscapes, Highways and Houses in America (MIT, 1999). Her research and writing was included in the 2014 Venice Biennale, and will be included in the 2018 Biennale. She lectures and exhibits internationally.
TABITA REZAIRE
France⁄French Guiana, 1989
DECOLONIAL HEALING:
TECHNOLOGY, SPIRITUALITY AND THE EROTIC
How can we holistically connect to ourselves, to one another, to the earth and to the multiverse? To reclaim agency over our channels of information and communication, Tabita Rezaire digs into African, Diasporic and Indigenous scientific knowledge, unearthing possibilities for spiritual technologies. As we yearn for emotional, spiritual, political, historical and technological healing, she retrieves a cybernetic spacetime to feed an organic-tech-spirit
consciousness. From communicating with ancestors to embracing water, the womb and teacher plants as portals for downloading knowledge, here is a call to decolonise our
technologies. Tabita Rezaire is an artist-storyteller working with screens and energy streams. Her cross-dimensional practice envisions network sciences — organic, electronic and spiritual — as healing technologies to serve the shift towards heart consciousness. Navigating architectures of power, she digs into scientific imaginaries to tackle the pervasive matrix of coloniality and the protocols of energetic misalignment that affect the songs of our bodymind- spirits. Tabita is based in Cayenne, French Guyana
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